O projeto de iniciação científica identificou e caracterizou as interações medicamentosas mais frequentes da unidade de saúde.

Interação medicamentosa (IM) é o nome que se dá à modificação dos efeitos de um fármaco quando administrado junto ou em um intervalo de tempo próximo a outras substâncias. Essa modificação do efeito pode ser causada estrategicamente, quando o médico, por exemplo, visa intensificar a ação de um determinado medicamento a partir da utilização de outro. Por outro lado, o efeito de um medicamento pode, também, ser bloqueado quando misturado a outras substâncias.

De modo geral, essas interações podem ser positivas, ajudando no tratamento do paciente, ou negativas, tornando-se prejudiciais à vida do paciente. Visando explorar esse tema, a estudante de Enfermagem do Unianchieta, Renata Escarabeli, com orientação da Prof.ª Dr.ª Ana Carolina Antunes Naime, deu início a um projeto de iniciação científica que teve como objetivo identificar e caracterizar as ocorrências de interações medicamentosas em um hospital de Jundiaí.

Para realizar o trabalho, Renata comenta que “a fonte do estudo foram 100 prescrições realizadas pelo serviço médico do hospital, dispensadas no período de agosto a outubro de 2018 pela farmácia da unidade para as alas de cuidados paliativos, saúde mental e pronto atendimento”.

O resultado da análise dessas prescrições evidenciou que 60% delas sofreram, ao menos, um tipo de interação. Renata afirma que essa porcentagem está dentro das estimativas possíveis de interações medicamentosas em meio hospitalar, que variam entre 25,3% e 72,5%, de acordo com as fontes de estudo da área.

Dessas interações, o mecanismo farmacodinâmico, que é quando há mudança no efeito de um fármaco por causa da ação de outro medicamento, foi o mais presente, representando 54,3% das interações.

Por outro lado, o mecanismo farmacocinético, que afeta o processo de absorção, distribuição, metabolização e excreção dos medicamentos, teve uma porcentagem menor, de 34.1%. Os outros 11,6% não foram especificados.

Além disso, o trabalho evidenciou que o grupo mais afetado por essas interações medicamentosas foi o masculino, com 33% das prescrições. O grupo feminino representa 27% dessas interações. E a classe de medicamentos que mais apresentou interações foi a de psicotrópicos. A faixa etária mais atingida é a de 50 a 59 anos.

Renata explica que “podemos entender que a presença de 60% de interações é um dado relevante. Ainda que esteja dentro das estimativas de possíveis interações medicamentosas em meio hospitalar, entendemos que quanto menor for o número de IM, melhor será para o paciente, pois a interação medicamentosa mostra-se como uma variável que afeta resultados terapêuticos, podendo aumentar o tempo de internação hospitalar e ser responsável pela demora na solução do problema de saúde ou por efeitos adversos”.

A autora do trabalho ainda reforça que “saber o sexo e faixa etária dos pacientes, a classe de fármacos e os mecanismos de interações que mais aparecem é relevante para a construção de dados epidemiológicos que direcionem a área em que se deve haver uma maior atenção e intervenções, visando o bem-estar dos pacientes”.

 

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