O acesso a equipamentos eletrônicos para jogos e entretenimento, e tecnologias via inteligência artificial em geral vêm transformando alguns hábitos na vida de crianças, o que está causando um distanciamento entre elas e objetos básicos, como lápis, caneta e papel.

A facilidade e o rápido acesso a celulares, tablets e computadores mudou a forma como as crianças enxergam o mundo. Desenhar, colorir e escrever podem ser feitos em aplicativos, sem o uso de objetos de papelaria que antes eram motivo de alegria para muitos.

Não há problema no uso desses aparelhos desde que não sejam usados em excesso e com limites. Já que, segundo especialistas pediátricos da fundação Heart of England, as crianças que chegam às escolas hoje não têm mais a força na mão e as habilidades motoras finas como há 10 anos atrás.

Dispraxia é uma disfunção motora neurológica que impede o cérebro de desempenhar os movimentos corretamente. Ela pode ser considerada como grossa ou fina. A dispraxia grossa é aquela que envolve grandes músculos do corpo e dificulta o processo de andar, correr, pular etc. Já a dispraxia fina é aquela que envolve pequenos músculos e dificulta o processo de escrever, pintar, desenhar, amarrar os sapatos e escovar os dentes, por exemplo. Vale ressaltar que a dispraxia não tem cura. Há apenas melhorias nos movimentos conforme a criança vai crescendo e desenvolvendo com mais frequência os gestos e movimentos.

A terapeuta ocupacional pediátrica Sally Payne explica que “[…] para poder segurar um lápis e movê-lo corretamente é necessário um forte controle sobre os movimentos finos dos dedos. As crianças precisam de muitas oportunidades para desenvolver essas habilidades”.

Sendo assim, é extremamente importante e necessário que os pais saibam impor limites no uso dos aparelhos eletrônicos e que eles incentivem seus filhos a realizarem as tarefas de forma manual.

Voltar a usar cadernos de caligrafia é uma ótima opção. Além de aperfeiçoar esteticamente a escrita, as crianças podem desenvolver a prática de escrever e de segurar corretamente os lápis e canetas. Outras formas de incentivá-los são adquirindo livros de colorir e recortar, ensinando-os a colar figuras em um caderno e a brincar com blocos de encaixe e quebra-cabeça.

Além de causar dispraxia, o uso constante e excessivo de aparelhos tecnológicos pode trazer outras doenças e dores como: ansiedade, dores de cabeça, dores nas costas, dores musculares, irritabilidade, isolamento, alteração na qualidade do sono e queda no rendimento escolar.

“É inegável que a tecnologia mudou o mundo em que nossas crianças estão se desenvolvendo. E apesar de haver aspectos positivos desse novo uso, há também os impactos de uma vida mais sedentária e mais baseada em interações virtuais, com mais crianças passando tempo conectadas dentro de casa e menos tempo ocupando espaços ao ar livre ativamente”, enfatizou a porta-voz do Royal College de Terapeutas Ocupacionais de Londres.

Como pais, é necessário sempre observar os movimentos dos filhos, mesclar o uso da tecnologia com as atividades manuais, incentivar a leitura de livros físicos e as brincadeiras ao ar livre. Caso seu filho apresente algum sinal mais grave, procure um médico especialista.

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