Por mais que a internet seja uma fonte de entretenimento, conhecimento e diversão, os riscos que existem para crianças que acessam a rede, como pedofilia, pornografia e crimes virtuais, estão se tornando cada vez mais comuns. É difícil para uma criança ter a percepção de um adulto e medir as consequências de algumas atitudes, distinguindo certo e errado. Cabe aos adultos responsáveis o acompanhamento das atividades das crianças na internet, assim como a orientação do uso e o estabelecimento de tempo de navegação, entre outros aspectos relacionados, de modo que o acesso à internet não constitua um risco para a criança e nem prejudique sua rotina de estudos, brincadeiras, interação com amigos e familiares, repouso etc.
Entrevistamos Juliano Silva Marçal, professor de tecnologia do UniAnchieta, que ofereceu esclarecimentos e orientações sobre o assunto.
Esses softwares que bloqueiam o acesso são realmente funcionais? Existe algum recurso desse tipo que possa ser desbloqueado pela criança ou adolescente? Atualmente os pais de adolescentes, preocupados com os perigos que o mundo da internet oferece, estão recorrendo a softwares de monitoramento e controle de acesso a sites, e existem inúmeros tipos de softwares: alguns necessitam que os pais ou responsáveis informem quais os sites que não poderão ser acessados, outros fazem uso da classificação indicada de um site, há ainda os softwares que bloqueiam mídias sociais, os que criam logs de acesso para serem visualizados mais tarde, enfim, existe uma gama gigantesca de ferramentas para essa finalidade. É válido lembrar que nenhum desses softwares são eficientes a ponto de trazer segurança total aos filhos, pois eles podem acessar o que desejam a partir do computador de um amigo, do celular etc.
No caso dos pais que optam por não liberar o acesso, como explicar aos filhos a decisão? Infelizmente esta é a prática mais difícil de ser sustentada, pois estamos no mundo digital, no mundo das mídias sociais, da internet em todos os lugares e coisas. Para o adolescente, estar nesse ambiente online e conectado representa ser aceito no grupo social ao qual ele pertence. Ao privá-lo do mundo conectado, os pais estarão tornando-o diferente no meio social em que ele está inserido, e essa ação poderá gerar rejeição por parte dos colegas, e ele muito provavelmente será alvo de comentários diversos. Caso os pais optem por isso (pelos mais variados motivos), deverão ter em mente que precisarão fazer um acompanhamento minucioso do filho e constantemente explicar a ele o motivo pelo qual está sendo privado do acesso à internet.
Você poderia nos dar algumas sugestões de ações que promovem a segurança no uso da internet? Atualmente a segurança online é tão importante quando a segurança física pessoal; os adolescentes e jovens, por exemplo, estão se tornando cada vez mais vulneráveis, ao acreditarem que estão seguros dentro do conforto de suas residências, acessando qualquer site e conversando com qualquer pessoa por meio das redes sociais. Primeiramente, os pais têm que entender que educação não é algo simples, e preparar seus filhos para o mundo real ou virtual exige muita atenção, dedicação e conversa. A privação não é a melhor maneira de preparar os filhos para este novo mundo, mas é a maneira mais rápida que os pais encontram, seja porque ainda não dominam as tecnologias, seja porque não têm tempo, seja até mesmo porque ainda preferem utilizar a imposição como demonstração de autoridade. Para que esse trabalho seja menos problemático, seguem algumas dicas importantes.
- Sempre explicar aos filhos a importância de não se exporem excessivamente nas redes sociais, nas salas de bate papo etc. É importante explicar o perigo de publicar fotos, endereços, números de telefone etc.
- Limitar o uso da internet na residência é conveniente; por exemplo, desligar a internet a partir das 23h é uma providência muito utilizada pelos pais, principalmente porque é nesse horário que os pais estão se preparando para descansar e não podem verificar o que seus filhos estão fazendo. É interessante observar que normalmente os adolescentes se tornam mais expostos quando estão longe da vista dos pais e podem fazer o que bem entenderem, e nem sempre o que eles entendem como legal é algo seguro.
- Adicionar um computador na área comum, como sala de estar ou sala de TV, é uma estratégia que oferece bons resultados; são os chamados computadores comunitários. A exposição é um inibidor natural para os adolescentes e jovens, e ainda permite que os pais possam monitorar o comportamento de seus filhos e até mesmo participar de forma ativa da vida digital deles.
- A proibição do uso de computadores nos quartos ou áreas reservadas também é uma estratégia de proteção. Estudos recentes indicam que os adolescentes e jovens normalmente se expõem quando estão longe da vista de adultos.
- Acessar o perfil dos filhos constantemente nas redes sociais é altamente recomendado, principalmente porque será possível visualizar os amigos, publicações e páginas acessadas. Solicitar a senha da conta do perfil do adolescente na rede social é algo que tem ajudado bastante os pais a monitorarem os conteúdos e ficarem mais tranquilos.